segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Lana Del Rey – Born to Die [POLYDOR]

*Ainda prefiro video games.
 












Lana Del Rey é Elizabeth Grant. Há pouco menos de 6 meses a moça surgiu causando um frisson na indústria fonográfica e nas redes sociais com a sua música “Video Games” – que ganhou um clipe forçosamente “caseiro” - e que chamou a atenção do público por uma mistura improvável de influências musicais, tudo turbinado por um extraordinário alcance vocal. Pois bem, no dia 31 de janeiro de 2012 foi lançado “Born to Die”, primeiro disco de Lizzy Grant sob a alcunha de Lana Del Rey.
 
Ao longo do álbum, depara-se com momentos de intensa qualidade artística e outros, ao contrário, de decepcionantes bobagens. Na verdade, as cinco primeiras músicas são impactantes, grandiosas, compendiando influências do rock clássico, folk, soul, pop, R&B, hip hop e até música clássica. “Born to Die”, primeiro single, abre o disco com um clima quase fantasmagórico, ressaltando um baixo sintetizado, teclados que parecem ressoar numa igreja medieval e uma batida eletrônica recheada de ecos de reverb.
 
“Off the Races” se contorce entre o hip hop, jazz e R&B, e o refrão surge como uma explosão pop. Ponto positivo, também, para a produção intricada, e, principalmente, para a atuação vocal de Lana, que consegue alterar o timbre de voz com uma facilidade impressionante (o que, inclusive, se repete em vários outras canções do disco). O efeito gerado por tais nuanças vocais é que por vezes Lana parece cantar como uma bêbada, ou, por vezes, como uma psicopata convicta, o que engrandece a interpretação das músicas. “Blue Jeans” é a música que Elvis se esqueceu de gravar, e “Video Games” é um hino moderno ao comodismo e à rejeição. 
 













 * Só mesmo uma beldade para reativar minhas inspirações resenhísticas.

 Entretanto, a partir de “National Anthem” e “Dark Paradise”, duas músicas bem fraquinhas e inexpressivas, o disco começa a perder a força. Daí se percebe que músicas excelentes vêm permeadas por outras mambembes. Tanto é que “Radio” - a melhor canção da leva, um entremeado delicioso de pop e rock sessentista, com um vocal esplendoroso e, ao mesmo tempo, esnobe (o que me remeteu a Debbie Harry – Ah... Debbie Harry...) – vem acompanhada de “Carmen”, uma música bizarra num estilo ridiculamente britânico. “Million Dollar Man”, por sua vez, traz uma excelente melodia jazzística, cantada com uma incrível devoção por Lana. Finalmente, após a Summertime Sadness (sobre a qual me recuso a tecer comentários), o disco se encerra com a quase-electropop “This is What I Make Us Girls”, que, se não é das mais inspiradas, também não faz feio.
 
Outro ponto negativo é o conteúdo extremamente melodramático das letras; as vezes é difícil ouvir, repetidas vezes, um tipo excessivo de sofrimento oriundo por rompimentos traumáticos e pela demência do mundo em geral. Contudo, se você, como eu, é daqueles que entende muito pouco do inglês cantado, isso não será dos maiores problemas.

No fim das contas, “Born to Die” fica no plano do razoável. Não constitui um disco à altura da expectativa gerada, mas, se comparado ao atual panorama da música pop, representa um suspiro de novidade, congregando boas influências e algumas excelentes canções. A falta de regularidade a partir de determinado ponto macula a pretensa qualidade do disco, o que reputo ter sido o motivo de algumas opiniões negativas. De todo modo, é uma obra que merece ser ouvida, comentada e tocada, até porque, além de ter uma bela voz e um grande talento para compor, a Lana é uma gata. Acho que tá de bom tamanho, afinal. Nota: 6,5.